Exposição Casa 401
A exposição coletiva "Casa 401" é o resultado de um projeto da disciplina Processos Criativos do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais. Reunindo um grupo de seis discentes; coordenados pela Prof. Dra. Viga Gordilho.
O objetivo do grupo é traduzir artisticamente a Casa 401 da ladeira da barra, nosso site especifc, onde hoje esta instalada a Aliança Francesa em Salvador, buscando referências na história do lugar, resgatando memórias como a do pintor, poeta e marinheiro José Pancetti que morou na casa nos anos em que esta abrigou o Hotel Colonial Ladeira da Barra . O artista, enamorado do oceano, é a ligação entre a casa e o mar, que representou muitas vezes em seus quadros.
A casa, cuja história pretendemos desvelar, constitui uma imponente e antiga construção, ocupando o número 401, no alto da ladeira da Barra. O lugar é rico em memórias , pois nele já funcionou um pronto-socorro, um hotel e hoje é a Aliança Francesa de Salvador. Um dos maiores desafios é enxergar na casa mais do que a instituição de ensino ali instalada, sintetizando os conceitos dos trabalhos de artistas com experiências e especialidades distintas, numa única identidade visual.
Como designer tenho a responsabilidade de criar um projeto gráfico que sintetize o tema e represente visualmente os conceitos apresentados nos trabalhos dos artistas que compõem a exposição. O primeiro exercício da construção desse trabalho é de percepção, no momento em que a casa nos é apresentada. É desses encontros iniciais que nasceram os primeiros rabiscos e anotações, impressões que foram de suma importância no entendimento da casa e no desenvolvimento da programação visual.
A pesquisa teórica e imagética constitui um ponto importante na formação de significados, na escolha dos símbolos e associações. No momento da investigação construiu-se um inventário do conjunto de conceitos a serem acrescentados à identidade visual do projeto, a fim de que o público a ser atingido, identifique-se de forma natural com o projeto.
O passo seguinte é o de seleção dos conceitos que representarão a casa no projeto de programação visual. Pois o excesso de informações pode fazer com que o trabalho fique visualmente poluído e repetitivo.
Da soma de pesquisa, percepção e ação, nasceram os primeiros layouts, nos quais, elementos que formarão o projeto gráfico da exposição foram apresentados pela primeira vez, sendo aprimorados à medida que os estudos foram se aprofundando, e novas idéias foram somadas, enriquecendo o trabalho com novas nuances, dando assim novos rumos, abrindo novas perspectivas.
A marca surgiu a partir de um desenho feito nas primeiras visitas a casa, do fato de ter observado de que o número de portas e janelas da fachada repete-se na parte posterior do edifício. Esse desenho foi escolhido por permitir uma fácil identificação da casa 401, assim como por ter ligação direta com o nome da exposição. A cor escolhida é uma referência a Pancetti, cujo trabalho e vida estão diretamente ligados ao oceano.
Como Aliança Francesa, pronto-socorro ou pensão, a casa 401 foi sempre um lugar de grande circulação, suas janelas e portas convidam o visitante a circular pelo seu interior, dando um sentido de lugar de passagem. A fotografia de Isabel Gouvêa usada no postal-convite brinca com a idéia de convidar a entrar, pois a porta entreaberta seduz o olhar a tentar ver pelo pequeno espaço oferecido por entre as bandas da porta.
A construção de um projeto gráfico para a exposição Casa 401 contou com a colaboração e influência das artistas que a formaram, pois o resultado final é fundamentado em muitos dos conceitos levantados por elas em seus trabalhos; como a idéia de descascar as paredes e enxergar além da camada de tinta que é a Aliança Francesa. Além disso, as artistas interferiram na construção de uma identidade visual, na posição de clientes cujo trabalho é apresentado através do design.
O desenvolvimento do trabalho para a exposição casa 401 revelou-se enriquecedor por tornar práticos conhecimentos que antes eram teóricos. Assim, juntar os cacos, descascar aproveitando as sobras, criar pontes e fazer novas referências, é compreender a essência do lugar, jogando luz nas memórias escondidas para que mais pessoas possam entrar na casa de uma maneira nova.
Tiago Laurentino
Designer gráfico
Graduado em Desenho Industrial pela escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia.
Designer estagiário da Fala Menino! Produções.
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